
A globalização e a enorme velocidade da informação padronizam modos de vida, com mudanças semelhantes em todo o mundo, mostrando um padrão alimentar inadequado associado à inatividade física cada vez maior.
O Brasil, assim como outros países em desenvolvimento, passa por um período de transição epidemiológica, caracterizada por uma mudança no perfil dos problemas relacionados à saúde pública, predominando as doenças crônico-degenerativas, embora as doenças transmissíveis ainda desempenhem papel importante.
Essa transição é acompanhada por modificações demográficas e nutricionais, com a desnutrição sendo reduzida a índices cada vez menores e a obesidade atingindo proporções epidêmicas.
Um dos períodos críticos para o desenvolvimento da obesidade tem sido observado em crianças de sete a nove anos de idade, portanto, é preocupante o aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade nessa fase devido à associação com complicações metabólicas, cardiovasculares, pulmonares, ortopédicas, psicológicas e algumas formas de câncer decorrentes da obesidade na idade adulta.
De acordo com a literatura médica, alguns fatores são determinantes para o estabelecimento da obesidade exógena na infância: desmame precoce e introdução de alimentos complementares não apropriados, emprego de fórmulas lácteas incorretamente preparadas, distúrbios do comportamento alimentar e inadequada relação familiar.
Porém, existem alvos potenciais para a prevenção da obesidade na infância e na adolescência :
– A partir dos 2 anos, substituir laticínios integrais por baixos teores de gordura;
– Aumentar o consumo de frutas, vegetais e cereais integrais;
– Evitar e limitar o consumo de refrigerantes;
– Evitar o hábito de comer assistindo TV;
– Diminuir a exposição à propaganda de alimentos;
– Limitar o consumo de alimentos ricos em gordura e açúcar, que têm elevada densidade energética. Nesse caso os sucos de frutas e refrigerantes devem ser substituídos pela água;
– Estabelecer e respeitar os horários das refeições;
– Praticar atividades físicas estruturadas;
– Respeitar a saciedade da criança;
– Diminuir o tamanho das porções dos alimentos.
O plano terapêutico deve ser traçado de forma individualizada e instituído de maneira gradativa, em conjunto com o paciente e a sua família, evitando a imposição de dietas rígidas e extremamente restritivas. O planejamento inadequado da intervenção dietética pode levar a diminuição da velocidade de crescimento e a redução da massa muscular. O tratamento nutricional deve contemplar uma dieta balanceada, com distribuição adequada de macro e micronutrientes, e orientação alimentar que permita a escolha de alimentos de ingestão habitual ou de mais fácil aceitação.
Fonte: Ana Potenza, nutricionista